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Projecto de Cadeira de Opção do 5º ano de LESI Nuno Alexandre Pires de Figueiredo Paulo César de Almeida Carvalho Rogério Manuel de Sá Paiva Supervisão do professor José Ramalho, por parte da Universidade do Minho e da Drª. Clara Moreira, por parte do Arquivo Distrital de Braga.
Estudo introdutório de Luís A. Oliveira Ramos Leitura e fixação do texto de José Viriato Capela (coord.) Arquivo Distrital de Braga/Universidade do Minho Braga 1992
Publicam-se agora, cerca de 2 séculos depois, as Memórias que Inácio José Peixoto, bracarense do séc. XVIII, escreveu com o objectivo tão só de servirem seus filhos e conservar em segredo.
A vontade expressa pelo seu autor de manter os seus testemunhos e memórias em sigilo até que fosse oportuna a sua divulgação "para a verdade da História", foi só em parte respeitada. Diversos autores, conhecedores do manuscrito, foram-no utilizando e pela pena de Senna Freitas e Mons. José Augusto Ferreira, para só referir dois dos seus mais largos utilizadores, o seu conteúdo foi passando a um número mais alargado de leitores e escritores da história bracarense.
A sua publicação ocorre num momento particularmente significativo, aquele em que se comemora o IX Centenário da Dedicação da Sé de Braga, em cujas celebrações esta edição tem também ensejo de se inserir. Inácio José Peixoto foi um dedicado servidor da Igreja Bracarense e este seu testemunho liga constantemente a História da igreja à sociedade local e nacional, que agora muito oportunamente se pretende historiar.
O manuscrito original de que nos servimos encontra-se já reproduzido de forma abreviada e lacunar em diversas cópias, onde se transcrevem nuns casos tão só as passagens relativas à história bracarense ou nacional ou outras de interesse específico do copista em causa, a maior parte delas com muitos espaços em branco por dificuldades de leitura.
O interesse da publicação deste manuscrito está à partida justificado pela grande atenção que lhe prestaram já os autores que dele largamente se serviram. Mas a sua utilização e referenciação lacunar prejudica a compreensão e utilização global do texto que no seu conjunto é um excelente testemunho e fonte de conhecimentos não só da história de Braga, como da história nacional e até universal.
Memórias que não são um simples repositório desgarrado e desligado de factos, mas antes um registo referenciado e mediatizado pela existência de um personagem que constantemente nos liga ao quotidiano da sua vida pessoal --- íntima, pública e privada --- ao das suas relações inter-pessoais, com os poderes e com as instituições, mas também ao plano das vivências colectivas da sociedade, dos Estados, das lutas e relações políticas, nacionais e internacionais, ainda que vistas pelo prisma de um letrado e magistrado que se debruça sobre o evoluir dos acontecimentos de uma pequena cidade provinciana, profundamente marcado pela configuração religiosa do seu meio, da sua formação e profissão.
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